terça-feira, 2 de março de 2010

um dia sem ela

para nog os dias terminam na hora que deveriam começar. e termina agora um dia diferente dos que o precedem. em poucas dezenas de minutos hão de se completar 24h sem que nem um traço de fumaça tenha passado por sua boca ou nariz. não que ele quisesse isso. maldição. estivera sem dinheiro, pouco dinheiro, não podia comprar uma carteira de deliciosos cigarros. tentara comprar retalhos, mas todo e qualquer lugar que o calor de sua cidade permitisse alcançar estava sem cigarros à granel. também não podia contar com a bondade alheia, afinal de contas ninguém quer "sustentar o vício de nenhum vagabundo". cada um é seu próprio vagabundo. e por mais que nog tivesse em sua mente a regra número um do fumante: nunca negar um cigarro a um companheiro fumante. essa regra parecia não existir hoje.

a falta de cigarro é a solidão do fumante. é uma saudade lânguida. nem mesmo um filme. nem mesmo a companhia de alguém. nada consegue afastar a cabeça de nog. a nicotina é sua amante mais íntima e só uma paixão tão intensa para fazê-lo esquecê-la. a tosse carregada de catarro só o faz lembrar dos momentos de intimidade quando, envolvido em fumaça, a teve entre os dedos.

sentiu-se pela primeira vez traído. sentimento possesso. fosse antes, suportava meses sem tê-la, atualmente não. um dia é suficiente. sente-se rejeitado, e como nunca foi de mendigar sentimentos, deseja apenas não mais vê-la. sabe que podem se encontrar numa roda de amigos qualquer, mas mesmo que esteja com algum amigo seu nog nunca mais vai tirá-la para dançar. ou assim ele pensa.

Um comentário:

  1. Muito inteligente como você utilizou a narrativa para falar sobre o vício (do cigarro). O sentimento de repulsa não é gerado por uma necessidade de se sentir bem, mas reforçar a dor.

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