domingo, 28 de março de 2010

rapel de pescoço

penso logo existo. pudera eu, tão facilmente, deixar de pensar. até isso era injusto em sua vida. nog viveu uma vida de cobaia. sempre foi uma cobaia. nasceu um filho cobaia, foi uma criança cobaia, cresceu num adolescente cobaia e findou num jovem adulto que já estava farto de ser testado. num derradeiro dia, em que perdera tudo o que carregava em sua mochila e seu coração, resolveu ser cobaia de si mesmo e descobrir o quão bom poderia ser fazendo rapel. catou no armário as economias que ainda não tinha perdido e foi numa loja de esportes. retornou à casa apenas para dormir, e de bônus se sentir muito mal. teve um sono conturbado, estava ansioso pelo rapel. ele sentia que essa nova experiencia ia mudar sua vida por completo. acordou com a chegada da madrugada, vestiu-se e partiu de casa com uma mochila recheada com vários metros de corda de alpinista. o dia ainda estava escuro quando ele atingiu a ponte de onde pretendia dependurar-se. algumas dezenas de minutos depois e acompanhado apenas pelo bocejar do mundo acordando, nog mergulhou no escuro, preso ao mundo por apenas uma corda. quando finalmente o dia raiou uma pequena multidão debruçáva-se sobre as grades da ponte, atônitos. seguiam com os olhos o caminho da corda, que banhada pelo dourado do sol descia serena até fazer uma volta ao redor do pescoço de nog. e ele balançava docemente e com um sorriso no rosto acompanhando a brisa que por debaixo da ponte passava

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