terça-feira, 29 de dezembro de 2009
ébrio
me disse uma vez o velho Nog, na sua voz lânguida de quem na vida teve muito dos dois.
sábado, 21 de novembro de 2009
relatos tristes de um banco de praça
tive meus amores e desamores, dos quais hoje sobra-me apenas um. é amor e desamor, concomitantemente. é apenas ele que perdura em minha rotina depois de tantos e tantos anos. vejo-o passar pela praça durante tardes ensolaradas ou lindas manhãs. mas nunca se aproxima nessas ocasiões. percebo que ele olha pra mim demoradamente, mas não vem. é somente nas noites frias e chuvosas que ele vem a mim. chega sempre calado sob a chuva que cai. senta-se lentamente. e é nessa hora que ambos choramos, sem pudor algum, lágrimas perdidas em meio a um mar de gotas de chuva. não sei ao certo seu nome, ele quase nunca fala. acho que ele falou alguma vez. como é mesmo? acho que é... nog.
sábado, 14 de novembro de 2009
..
"muitas pessoas dizem que gostam de mim, mas nenhuma delas do jeito que eu gostaria que alguem gostasse"
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
individualismo múltiplo
achava aquilo perfeito. a mais plena paz. mas como a paz que é pelna é também efêmera, ela se foi... foi-se em meio aos gritos de nogs que lotavam as praias. foi-se junto com o ecoante ronco dos estômagos famintos de nog. foi-se na música que nog cantarolava e fazia toda a cidade tremer, pois eram centenas de milhares de vozes simultâneas.
e faltou comida. faltou água. faltou lugar de lazer. cada nog achava-se único em meio aos outros, achava-se rei. e com isso cada nog passou a odiar todo e qualquer nog exceto a si mesmo. dava pra sentir na atmosfera, no ar, a eletricidade gerada numa troca de olhar. e o tempo fez-se tenso. muito tenso. nenhum até então havia agido contra outro, não fisicamente, sabia o que os outros pensavam, sabia o que todos pensavam.
mas um dia além de água e comida, além de espaço ou alegria, faltou também paciência. e no exato segundo em que isso ocorreu, cada nog avançou contra o próximo nog. simultaneamente. e no meio daquele pandemônio nog sentiu o golpe, a lâmina curta e fria. "maldito nog! me esfaqueou! MALDITO". mas quando olhou para o próprio ventre era sua própria mão que segurava, com muita força, o cabo da faca. lentamente aqueles milhares de nogs, e suas bocas que cuspiam sangue, iam ao chão. "o que eu fiz?"
sábado, 17 de outubro de 2009
triste felicidade
decidiu que deveria ficar feliz, mas ninguém parecia esar disposto a dividir sua alegria. egoístas. continuou a observar aquela entropia de pessoas. a energia contida no volume daquele lugar. e viu que todos, diferentemente de si, riam e dançavam, bebíam e fumavam, e nessa hora nem mesmo o seu grande companheiro estava alí. o "sortudo" foi-se embora logo no início da festa.
num quarto aos fundos um homem deitado. parecia bêbado ou feliz. isso provocou a ira de nog, que imediatamento o estrangulou até uma morte lenta e dolorosa. os gritos não puderam ser ouvidos, dispersaram-se em meio àquela nuvem de fumaça e suor de corpos dançantes. estava na hora de ir. saiu pelas ruas com um largo sorriso no rosto.
"finalmente alegre"
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
awating for the bus
saindo de casa pela manhã, encontro nog na esquina. coincidência talvez. vamos andado lado a lado até o ponto de ônibus. creio que ele vai aonde eu vou. não demora e ele começa a cantar.
“my soul needs a cigarette
the cancer’s been my friend
it is my only company in the cold and lonely nights
my days they’re all so empity
i got nothing to share
my lungs are so fucked up but …”
_ tá! tá! toma a merda do cigarro! e da próxima vez diga que quer um cigarro ao invés de cantar essa maldita musiquinha!!
“… i don’t caaaaaaaare”
_ filho da puta! acende essa merda e para de falar!
_ trevo de novo? vc se acha o caubói né? “eu enrolo meu próprios cigarros!” babacão!
_então me devolve essa merda.
_o ônibus tá demorando… já devia ter passado, não?
_já…
terça-feira, 13 de outubro de 2009
faminto
estavam os dois a vadiar pela rua. não sabiam onde ir. nog liga para alguém, uma mulher, que seja. depois dessa ligação está decidido, vamos para a casa dela.
lá chegando, idéias e fumaça flutuam pelo ar. e sob uma pálida luz amarela palavras descorrem das três bocas. idéias mirabolantes, planos e decepções são abordados. nog a conhece bem, eu não. eu o conheço bem, mas a ela não. isso começa a provocar um certo desconforto, um incomodo na garganta que por um tempo me impediu de falar.
até que então o pai dela chegou, simpático. isso não me tirou o desconforto. nog acabava-se de rir com ela, eu sorria amarelo. resolvi que aquilo era paranóia minha, precisava relaxar. voltava a rir aos poucos, descontraído.
eis que de repente o celular dela toca. mensagem!! ela larga o celular em cima da cama “mensagem do meu pai, volto já”. olho sério para nog “eu tenho uma má impressão disso”. nog parece muito a vontade “será que ela vai nos matar? hahahaha”. minha cabeça estava a mil. será que ela iria nos matar? será que seríamos abduzidos? será que poderia até acontecer algo legal? será??? nog ria-se muito da minha cara de nervoso e ria alto. parecia se divertir comigo.
ouço passos e uma onda elétrica percorre minha coluna. nog chega à porta com um sorriso largo, que é retribuído com um golpe de machado na cara. morte instantânea. logo em seguida é a minha vez e, sem gritar ou me mover, sou atingido no pescoço por aquele machado frio.
em minha agonia final, enquanto caio ao chão, agarro-me ao lençol da cama. estava com frio. percebo o celular dela em frente ao meu rosto, deve ter caído junto com o lençol. horrorizado eu leio o que dizia aquela mensagem antes de um segundo golpe do machado acabar com o meu frio.
“PRECISAMOS DE CARNE, FILHA”